VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO MUNDO – GUADALAJARA – MÉXICO
24-30 NOVEMBRO 1995
Nós brasileiros temos um carinho muito especial por Guadalajara porque ali, com o apoio decisivo da torcida mexicana, ganhamos a Copa do Mundo de 1970. Muitos de nós já não lembramos do nome do lugar, mas o pessoal de Jalisco ainda guarda imagens indeléveis do evento e parece ter assumido um pacto definitivo de amizade e fraternidade com o brasileiro. Se é que não o fizeram coma toda a humanidade por quanto a hospitalidade azteca é proverbial e contagiante.
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Catedral Basílica de la Asunción de María Santísima
Guadalajara é uma cidade bonita, com suas relíquias arquitetônicas — particularmente sua catedral, o teatro e outras construções coloniais e republicanas. Dizem que tem 7 milhões de habitantes. Custa a crer, pois não ostenta muitos edifícios altos, talvez por causa dos terremotos. Do avião percebe-se a sua imensidade achatada como um tabuleiro de xadrez, em todas as direções. Nesta época de seca, com umas tonalidades ocres, ligeiramente tristes. Mas o povo é alegre, com aquela alegria descrita geralmente por Octavio Paz.
Viemos para a Feira do Livro (que cresce — conforme o testemunho de editores e visitantes — a cada ano) para dar a palestra inaugural no LATINBASE, evento profissional dedicado à análise da emergente indústria de bases de dados na região. Conferencistas dos EEUU, da Europa, além da prata local, no magnífico pavilhão da feira, este ano dedicado à Venezuela, o que favoreceu o nosso reencontro com a literatura bolivariana e com os bons amigos caraquenhos.
Houve um tempo para ir a lojas de artesanato de Tlaque paque. Eu buscava um painel em cerâmica para adornar a parede à entrada do Bromeliário, na chácara Irecê, que construímos no município goiano de Pirenópolis. As artes populares mexicanas são merecidamente famosas por sua criatividade e originalidade. Acabamos encontrando o que queríamos — um mosaico de azulejos feitos à mão. O tema era a um tempo ingênuo e impactante – um sol estilizado, num amarelo que só Juan Miró seria capaz de idealizá-lo.
E também fomos ao legendário lago de Chapala, num taxi alugado em parceria com a cientista informação húngara Irene W????, numa conversa que durou quase 7 horas e que serviu para iniciar a nossa amizade. A região de Chapala é hoje um reduto de aposentados norte-americanos e canadenses, que vivem em condomínios fechados, cercados de buganvílias e de empregados mexicanos. Os nativos estão orgulhosos dessa fonte de trabalho e com a beleza das casas e hotéis dos estrangeiros, suas igrejas protestantes e das lojas e restaurantes que os atendem.
Ajijic, uma pequena cidade de ruas estreitas, com suas igrejas de pedras sonolentas, é o contraste local com a opulência dos estrangeiros.
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